Há muitos, muitos anos, vivia na ilha Graciosa um casal que tinha uma pequena quinta. Cultivavam a terra, criavam gado e animais de capoeira. Logo pela manhã era o galo que os acordava com o seu alegre cantar: «Có-có-ri-có!»
Certo dia, quando o homem andava no campo, o galo desatou a cantar fora de horas. Maria estranhou e pôs-se à escuta. O animal não se calava e, em vez dos sons habituais, parecia dizer palavras de gente:
- Foge! Foge! Foge!
Tomando aquilo como aviso, abandonou o forno onde cozia o pão e correu a prevenir o marido.

Pois alguns dias mais tarde o chão tremeu. Primeiro devagarinho, depois com mais força e por fim com violência.
Das entranhas da terra rebentou um vulcão que engoliu a quinta e transformou o lugar numa furna.
O homem desapareceu para todo o sempre. Mas a mulher e o galo por lá ficaram, encantados. Ainda hoje, quem passar perto, em dias de vendaval, pode ouvir a cantoria do galo. E em dias de nevoeiro verá rolos de fumo denso saindo da caldeira: é Maria a cozer o pão no seu mundo encantado.
Pesquisa realizada por Rita Duarte e João Edgar