sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A furna da Maria Encantada



Há muitos, muitos anos, vivia na ilha Graciosa um casal que tinha uma pequena quinta. Cultivavam a terra, criavam gado e animais de capoeira. Logo pela manhã era o galo que os acordava com o seu alegre cantar: «Có-có-ri-có!»
Certo dia, quando o homem andava no campo, o galo desatou a cantar fora de horas. Maria estranhou e pôs-se à escuta. O animal não se calava e, em vez dos sons habituais, parecia dizer palavras de gente:
- Foge! Foge! Foge!
Tomando aquilo como aviso, abandonou o forno onde cozia o pão e correu a prevenir o marido.
-Para o galo falar é porque está a acontecer alguma desgraça! Temos de fugir! O homem riu-se e não lhe ligou.
Pois alguns dias mais tarde o chão tremeu. Primeiro devagarinho, depois com mais força e por fim com violência.
Das entranhas da terra rebentou um vulcão que engoliu a quinta e transformou o lugar numa furna.
O homem desapareceu para todo o sempre. Mas a mulher e o galo por lá ficaram, encantados. Ainda hoje, quem passar perto, em dias de vendaval, pode ouvir a cantoria do galo. E em dias de nevoeiro verá rolos de fumo denso saindo da caldeira: é Maria a cozer o pão no seu mundo encantado.

Pesquisa realizada por Rita Duarte e João Edgar

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Lenda da Serra da Estrela






Em tempos que já lá vão, vagueava pelos montes um humilde pastor. Durante o dia, pasta levava o rebanho pelos montes verdejantes que servia m de alimento aos animais. Mas, ao anoitecer, encaminhava-se para uma rocha e sentava-se olhar as estrelas.
Aí, encontraram a sua única amiga – uma estrela –, a quem, noite após noite, segredava amarguras, pois sentia-se muito infeliz e muito sozinho. Nem o vento, nem a chuva, nem a neve o detinha. Mesmo que rebentasse a maior das tempestades, ele não faltava ao encontro.
Esta história chegou aos ouvidos do rei, que ficou pasmado.
Então havia um pastor que possuía uma estrela? Tinha que lha comprar!
Bem ofereceu riquezas, que de nada lhe serviu.
- Há coisas que não tem preço! -disse o rapaz Não vendo!
Os anos passaram e, um dia, o pastor morreu.
Diz-se que a estrela nunca mais voltou a brincar no firmamento. Mas também há quem garanta que ela volta sempre à noitinha em busca do pastor.



Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada (Pesquisa de José Moura)

Lenda do menino Jesus da Cartolinha




No século XVIII, as forças Castelhanas invadiram a cidade de Miranda do Douro e aí se mantiveram durante longos meses.
Saqueada pelo invasor, a cidade depositava as suas derradeiras esperanças na chegada de um reforço de tropas que não havia meio de surgir no horizonte.
Conta a lenda que foi então que apareceu nas muralhas um Menino, vestido de fidalgo cavaleiro, chamando os Mirandeses a pegarem em armas contra o invasor. Foices e varapaus saíram à rua para perseguir os Castelhanos. À frente da multidão, o pequenino “comandante”ora desaparecia ora voltava a aparecer. Mas logo que os Castelhanos fugiram, o Menino nunca mais se deixou ver.
Para os mirandeses, foi o Menino Jesus que os ajudou. E, por isso, mandaram logo esculpir uma imagem de criança, trajando o vestuário próprio dos cavaleiros da época.
E ainda hoje se pode ver essa imagem - o Menino Jesus da Cartolinha - na Sé Catedral da cidade de Miranda do Douro.

Lenda da Oliveira do Largo



Conta a lenda que no século XIV ao lado padrão de Nossa Senhora da Vitoria, em Guimarães, existia uma oliveira que, mais tarde, secou. E assim continuou até que colocaram perto dela, uma cruz que ainda hoje se levanta debaixo do padrão. Três dias depois, a oliveira reverdeceu, deitando rebentos novos e enfeitando-se de viçosa folhagem.
A notícia atraiu muito povo, que veio admirar o milagre em honra da Nossa Senhora da Vitoria que, desde então, se ficou a chamar de Nossa Senhora da Oliveira.
A oliveira, substituída por outras e outras, ficou no Largo com o seu nome, durante mais de 500 anos, tornando plantada -se num símbolo importante que figura no brasão da cidade de Guimarães.
Em 1985, a câmara Municipal repôs a oliveira ao lado do padrão da Nossa Senhora da Vitória e no local onde outrora se encontrava.

António Caldas.
Pesquisa elaborada por: João Ferreira

Verão de S. Martinho

Num dia de tempestade, ia S. Martinho, valoroso soldado, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão.
S. Martinho não hesitou...parou o cavalo e pousou a sua mão, carinhosamente, na do pobre.
Em seguida, com a espada cortou a meio a sua capa de militar, dando metade ao mendigo.
Apesar de mal agasalhado e de chover torrencialmente o cavaleiro continuou o seu caminho, cheio de felicidade.
Mas, subitamente, a tempestade desfez-se. O céu ficou límpido. E um sol de estio inundou a terra de luz e calor.
Para que nunca se apague da memória dos homens este acto de bondade praticado pelo cavaleiro, diz-se que nessa mesma época, todos os anos, cessa por alguns dias o tempo frio. O céu fica azul e o sol reaparece quente e brilhante.
É o Verão de S. Martinho.

Recolha de : Carlos António e André Filipe

O DOURO, O TEJO, E O GUADIANA





Diz uma lenda, que, outrora, houve uma conversa de três rios: o Guadiana, o Tejo e o Douro.
Aborrecidos de andar lá pelas montanhas, quiseram correr aventuras.
Combinaram, então, dormir um bom sono; o primeiro que despertasse chamaria os outros, partindo, então, todos os três para o mar.
Dito e feito! Deitaram-se a dormir.
O primeiro a acordar foi o Guadiana. Olhou para os outros e, por ter dó de os acordar, pôs-se a caminho sem chamar os vizinhos. Escolheu, portanto, o melhor caminho, como quem passeia por um jardim.
Acorda a seguir o Tejo: esfrega os olhos e avista ao longe, já na planície, o Guadiana a brincar com o sol, que o veste de ouro reluzente. Aflito, na ânsia de ganhar o tempo perdido, não escolhe caminho: atira-se pelas serras a baixo, salta pelas encostas lança-se dos penedos que lhe embaraçam a marcha. Para entrar em Portugal, onde o Guadiana passeava, salta num pulo as portas de Ródão.
Daí em diante corre deliciosamente deixando-se rolar na planície, ora charneca, ora várzea, até ao mar.
Acorda por fim o Douro. Furioso quer vingar-se.
Enquanto o Guadiana brilha ao sol como longa fita de aço e o Tejo anda ás curvas graciosas, em passo medido, ele, o Douro, salta calhaus, desde vales fundos; sem escolher caminho: fura serras e mais serras, salta tudo, despenha-se doidamente…

Pesquisa de: Ana Carolina

A lenda dos Nove Irmãos




A meio do oceano, havia um lindo país com grandes montanhas cobertas de arvoredo. As mais altas eram tão altas que furavam as nuvens e pareciam tocar no céu.
Nesse país havia um rei que tinha nove filhos muito amigos uns dos outros.
Certo dia, o pai chamou-os e pediu-lhes:
- Digam – me qual é o sítio que preferem porque tenciono dar uma propriedade a cada um.
Todos queriam viver na montanha, mas como se entendiam bem, não houve brigas. Escolheram em boa harmonia e lá foram construir as suas casas. Antes de se separarem, marcaram encontro para daí a um ano.
O tempo passou e, nas vésperas do dia previsto, que alegria! Os nove rapazes só pensavam no momento de abraçar os irmãos. Adormeceram com dificuldade.
A meio da noite, sentiram a terra tremer e ouviram um ruído pavoroso. Foram ver o que se passava e verificaram, com assombro, que o país se tinha afundado. Restavam apenas os cumes das montanhas, transformados em ilhas.
Para poderem comunicar, a única solução era começarem imediatamente a construir barcos.
Trataram de cortar madeira nas matas e atiraram-se ao trabalho com a maior energia.
Não tardou que se voltassem a reunir e todos afirmaram que nada nem ninguém conseguiria impedi-los de se verem sempre que quisessem. Agora viviam em ilhas? Pois viajaram por mar!


Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

Pesquisa elaborada por: Ana Sofia 4º ano